Às vezes, a vida nos reserva surpresas inesperadas, como se quisesse testar a nossa capacidade de reação. Sabe quando tudo parece estar bem e a gente segue tranquilo, sem grandes preocupações? Pois é nesses momentos que a vida aplica suas rasteiras mais certeiras. E elas vêm de qualquer lado, quase sempre de onde menos esperamos. De repente, parece que o mundo pesa nos nossos ombros, como se estivéssemos nos afogando em sentimentos que nos cobrem por completo… mas, às vezes, basta se levantar para perceber que ainda podemos respirar. E isso nos faz crescer.
A sensação de estabilidade é boa. A tranquilidade nos conforta. Ninguém gosta de sentir medo, ansiedade ou correr riscos desnecessários. Mas evitar tudo isso significa permanecer estagnado na zona de conforto. A vida é esperta. Se a gente não muda por conta própria, ela dá um jeito de provocar as mudanças de que precisamos. Podemos até dizer que está tudo bem como está, mas, no fundo, quem nunca se pegou imaginando as inúmeras possibilidades que existem lá fora? Então, por que não aproveitá-las?
Quando as mudanças chegam sem aviso, nossa reação natural é puxar o freio de mão, assustados. Mas tudo são fases. A vida é feita delas. Algumas são leves, outras nem tanto, mas todas são indispensáveis. O fim de um relacionamento querido pode doer como se fosse o fim do mundo, mas não mata. Começar em um novo emprego, com novas pessoas e novos desafios, dá aquele frio na barriga. Nessas horas, pode parecer que estamos sozinhos, distantes de tudo que nos dava segurança, mesmo quando aqueles que nos amam continuam ao nosso lado – ainda que em pensamento.
Para cada recomeço, um ponto final é necessário. Se queremos ser felizes, precisamos reconhecer os momentos difíceis e superá-los. Se um relacionamento acabou, ainda assim ele deixou aprendizados e momentos bons. Se o emprego foi perdido ou trocado, novos caminhos se abrirão. Se queremos mudar o corpo e ganhar mais saúde, será preciso abandonar velhos hábitos e abraçar novos desafios. Se choramos mais do que imaginávamos ser capazes, talvez tenha sido para limpar a alma. Se perdemos amizades por orgulho, pedir desculpas pode ser o primeiro passo para um reencontro. Sempre há como recomeçar.
Recomeçar é aceitar as oportunidades que a vida nos oferece. É escolher sair de onde estamos e seguir em frente.
A vida não é estática. Recomeçar não é opcional. A vida se move em ciclos. Uma hora estamos bem, noutra, desanimados. A felicidade vem e vai, como as ondas do mar, e cabe a nós alimentá-la com pequenas alegrias e, às vezes, grandes mudanças. De dentro para fora.
A vida se renova. E essa é uma das suas maiores belezas. As possibilidades são infinitas e, acima de tudo, reais. Todos os dias, nossos pensamentos e atitudes têm um começo e um fim. E, em algum momento, a gente percebe que, apesar dos desafios, das incertezas e frustrações, a vida continua. Continua sem o “felizes para sempre”, sem o trabalho dos sonhos que não deu certo, sem a aposentadoria perfeita, sem a família sempre por perto. Mas continua. Porque, no fim, o único amor do qual nunca podemos abrir mão é o amor-próprio.
